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O colectivo de espeleólogos dos grupos CIES – Centro de Interpretação e Estudos Subterrâneos (Coimbra), GPS – Grupo Protecção de Sicó (Pombal), NEC e SAGA – Sociedade dos Amigos das Grutas e Algares (Lisboa), vem desenvolvendo, desde 1998, trabalhos de exploração do Sistema Espeleológico do Dueça, considerado por muitos como um dos mais importantes e complexos sistemas cársicos do nosso país. Várias faixas etárias, experiências diferentes e conhecimentos técnicos diversos, dotaram este grupo de uma dinâmica que permitiu, ano após ano, novas conquistas na descoberta dos segredos do Rio Dueça.
O Sistema Espeleológico do Dueça desenvolve-se no sector mais setentrional do estreito maciço calcário Castelo do Sobral-Alvaiázere. Juntamente com o maciço de Condeixa-Sicó, e separados por uma complexa zona de fracturação e dobramento, estas duas sub-unidades geomorfológicas de calcários calcomargosos e calcodolomíticos, correspondem às chamadas Serras e Planaltos Calcários de Condeixa-Sicó-Alvaiázere (CUNHA, 1988). Este sistema situa-se no concelho de Penela, distrito de Coimbra, num sector de grande complexidade morfológica e estrutural, com fracturas de orientação diversa a condicionarem os afloramentos de calcários dolomíticos (Liásico Inferior), de margas e calcários margosos (Liásico Médio e Superior) e de calcários (Dogger). Esta zona onde o sistema se desenvolve encontra-se actualmente quase isolada do resto do maciço em termos de circulação cársica subterrânea, excepto a SW, onde um istmo de calcários o liga ainda a este. A Este, os calcários fazem contacto com os xistos do Maciço Hespérico ao longo de uma zona de intensa fracturação de orientação N-S. A Norte, NNW, S e SSE, a erosão normal e cársica levaram ao total desmantelamento da parte superior da estrutura anticlinal, deixando expostas margas liásicas, pouco carsificáveis e permeáveis. A evolução do nível de base na orla do afloramento apresenta uma história complexa, só possível de estudar após uma futura síntese dos trabalhos espeleológicos em curso. É no entanto possível afirmar que esta teve uma importância determinante na génese e evolução das galerias do sistema, o qual é formado por um intrincado cruzamento de perdas-resurgências, em diferentes estágios de actividade hídrica (NEVES, et al. , 2003).
Os trabalhos realizados ao longo destes anos são apenas uma ínfima parte daquilo que, de facto, consideramos indispensável fazer no sentido da interpretação e da protecção desta espantosa rede subterrânea. Actualmente, a conexão entre as galerias do Soprador do Carvalho e o Olho do Dueça, a continuação da exploração das perdas a jusante do Algar do Carvalhal, a conexão do Sumidouro da Várzea com a Gruta do Algarinho e a clarificação da circulação hídrica entre o Sumidouro da Várzea e o Olho do Dueça, são apenas alguns dos grandes desafios que os exploradores têm pela frente. Por outro lado, o estudo da climatologia das cavidades, o levantamento bioespeleológico, o estudo geológico e hidrogeológico de pormenor e a interpretação dos vários achados arqueológicos encontrados em múltiplas cavidades, são alguns exemplos das áreas para as quais é urgente desenvolver um plano de acção. O colectivo de espeleólogos CIES – GPS – NEC – SAGA, com a ajuda de todos os interessados, continuará os trabalhos de exploração e investigação, consciente da importância do Sistema Espeleológico do Dueça e da sua preservação.
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