Soprador do Carvalho |
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A gruta do Soprador do Carvalho, também conhecida por Gruta Talismã, foi descoberta em 1992 pelo Grupo de Arqueologia e Espeleologia de Pombal (GAEP) após a indicação do Sr. António Dias, um habitante da aldeia de Taliscas. A desobstrução de uma pequena fenda com uma forte corrente de ar conduziu ao interior de uma cavidade com um rio subterrâneo de características únicas, provavelmente o maior curso de água subterrâneo que se pode percorrer sem auxílio de técnicas de mergulho, em Portugal. A exploração e estudo da gruta ficaram comprometidos nos anos seguintes, uma vez que o GAEP se mostrou incapaz de prosseguir sozinho e inviabilizou a colaboração com outros grupos. Só em 1999 são retomados pelo colectivo os trabalhos de exploração e topografia do Soprador do Carvalho, tendo em meia dúzia de incursões desobstruído novas galerias e realizado mais de 2000 m de topografia. O Soprador do Carvalho desenvolve-se de Sul para Norte, ao longo de fracturas com a mesma orientação genérica, paralelamente ao bordo do afloramento calcário, acompanhando o vale onde corre a Ribeira Sabugueira. Esta ribeira dá origem à surgência principal do sistema, a nascente do Rio Dueça, e é alimentada principalmente por águas provenientes do Maciço Hespérico. O contacto da ribeira com os terrenos sedimentares do maciço calcário originou perdas (sumidouros) da mesma, tendo-se a circulação subterrânea instalado na fracturação existente, dando origem ao essencial das galerias do Soprador do Carvalho. A zona de perdas da Ribeira Sabugueira, ou de entrada de alimentação exterior, não se encontra ainda totalmente explorada. A gruta prolonga-se ainda certamente por mais de um quilómetro para lá do ponto mais a montante até agora atingido, constituída por um misto de galerias paragenéticas, por vezes de vários metros de altura, e sifões em conduta forçada de dimensões mais reduzidas. É nesta zona que se situa o Algar do Carvalhal, uma antiga entrada (localizada com a ajuda do sistema SLOTER; CARVALHO e VEIGA, 1989) que poderá ter funcionado tanto como perda ou como resurgência. Foi aberta em 2001 pelo colectivo, após vários meses de árduas sessões de desobstrução. Esta foi cronologicamente a segunda entrada da gruta a ser aberta e teve por intenção permitir o acesso à sua parte final em qualquer altura do ano, já que sensivelmente a meio da cavidade existe um laminador de 200 m de extensão, que se converte num sifão devido à subida do nível das águas do rio no Outono/Inverno, condicionando o acesso ao resto da gruta (NEVES, et al. , 2003). A jusante do laminador, a gruta desenvolve-se em galeria activa durante cerca de 1000 metros , até que a ribeira subterrânea se perde numa galeria de menor secção, entrecortada de pequenos sifões, em direcção à nascente do Dueça. A continuação da sua exploração encontra-se comprometida pela chegada de efluentes domésticos da povoação de Taliscas. A galeria principal está parcialmente obstruída devido à perda de actividade hídrica, tornando a exploração difícil e ainda hoje numa incógnita. É a jusante da disjunção destas galerias que se encontra a primeira entrada, o Soprador do Carvalho. Apesar do colector principal ser pobre em formações, a gruta apresenta algumas zonas com espeleotemas de rara beleza, que têm vindo a degradarem-se, muito por culpa das visitas turísticas a que a gruta tem sido sujeita. Actualmente com 3000 m topografados e 4500 m estimados, a gruta assume-se como a mais extensa do Maciço de Sicó e uma das maiores de Portugal.
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