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Paula C. Marques As descargas clandestinas no maciço calcário da serra do Sicó, no concelho de Pombal, estão a atingir níveis preocupantes. A denúncia foi feita por um grupo de espeleólogos "protectores do Sicó". O município já anda à procura de espaços adequados para este tipo de despejos... a maioria são entulhos da construção civil. A estrada municipal que liga a cidade de Pombal à sede de freguesia da Redinha está a ser murada por entulho, presumivelmente proveniente de obras da construção civil (a avaliar pelas características do material encontrado). A situação foi denunciada pelo Grupo Protecção Sicó (GPS) constituído por jovens que praticam entre outras actividades a espeleologia. Durante a viagem à serra também encontramos electrodomésticos e veículos em fim de vida abandonados no maciço. O impacto visual e a possível existência de metais pesados no interior do entulho largado na encosta da serra lideram a lista de preocupações do grupo. Segundo Sérgio Medeiros, "a situação é crónica porque desconhece-se a origem e o conteúdo da maioria do material que é largado no maciço que, por ser calcário deixa passar tudo para os lençóis de água". Para este espeleólogo o entulho que está a ser despejado pode conter resíduos que podem estar a contaminar as nascentes mais próximas, por exemplo. Cláudia Neves pratica espeleologia há 10 anos e tem-se apercebido dos sucessivos atentados ambientais que a serra tem sido vítima. "As pedreiras estão cada vez maiores e as lixeiras na serra também aumentaram", denunciou, lembrando os riscos que toda a gente está a correr. Mas pior que isto tudo, no entender dos membros do GPS, é o facto da serra do Sicó ser um espaço Natural Protegido. "Só está protegido nos mapas, porque depois serve de depósito de tudo e mais alguma coisa", disseram. Cláudia Neves entende que a Câmara de Pombal, que reivindicou uma Pousada da Juventude para a freguesia da Redinha, deve pensar primeiro na protecção e limpeza do maciço do Sicó e depois, nessa altura passar para a fase da divulgação das belezas naturais que a serra pode oferecer aos turistas. DENUNCIA DAS DESCARGAS EM 98 O DIÁRIO AS BEIRAS apurou que as descargas clandestinas na serra não são recentes e duram há vários anos. Donzília dos Reis, proprietária de um estabelecimento comercial na localidade de Pousadas Vedras, já denunciou o problema à Direcção Regional do Ambiente do Centro em Agosto de 1998. Na altura, esta munícipe escreveu uma carta onde lembrava as consecutivas descargas de entulho e a poeira provocada pelos despejos. No mesmo documento, Donzília dos Reis escreveu um episódio que tinha vivido com um guarda da GNR que foi chamado ao local. "A única ajuda que obtive da parte da GNR foi o senhor guarda a dizer que nesta situação nada pode fazer", recordou. Segundo esta queixosa os técnicos do Ambiente informaram o município de Pombal que mandou fiscalizar a situação. O tempo passou mas as descargas continuam segundo esta testemunha. Confrontado com estas queixas, o vereador do Ambiente, Alfredo Gonçalves, reconheceu o problema e disse que já anda à procura de um espaço onde os presumíveis autores dos despejos possam largar os entulhos. Outra das soluções apontada pelo vereador passa pela entrega dos entulhos em pedreiras de outros concelhos que estejam autorizadas para receber este tipo de resíduos. A concluir, Alfredo Gonçalves condenou "a
falta de civismo e de educação" dos autores dos despejos
clandestinos. |