Durante os dias 10, 11 e 12 de Junho teve lugar em Abiúl a quarta edição da Festa da Espeleo, um encontro nacional de espeleologia organizado pelo GPS – Grupo Protecção Sicó. Este evento contou com a participação de cerca de 40 espeleólogos, das associações AESDA (Torres Vedras), NEUA (Aveiro), SAGA (Lisboa), CIES (Coimbra), ADA Desnível – Cascais, para além do grupo anfitrião e de três espeleólogos do NEC. Ao contrário das edições anteriores, que incluíram acampamento em plena Serra de Sicó, esta “Festa” teve lugar no Moinho de Abiúl, localizado no ribeiro da Vinha da Fonte, junto à entrada norte para a vila de Abiúl, gentilmente cedido pela empresa CIGINEG.
Segundo os organizadores, o principal objectivo desta actividade foi envolver espeleólogos de várias associações nacionais no estudo do carso da Serra de Sicó, num espírito de convívio e cooperação. Para tal foram efectuadas várias saídas, com equipas de espeleólogos de diferentes associações, para trabalhos de desobstrução, topografia e exploração de cavidades localizadas nas encostas da Serra de Sicó, no seguimento dos trabalhos de prospecção realizados pelo GPS no âmbito do estudo de impacte ambiental dos Parques Eólicos da Serra de Sicó, financiado pela empresa Empreendimentos Eólicos da Serra de Sicó, SA.
Entre os principais resultados dos trabalhos espeleológicos são de destacar os seguintes: conclusão da topografia do Algar do Sancho (-85m); a continuação da exploração no Algar do Serrado V (-22m), após laboriosa desobstrução; a confirmação, após trabalhos de topografia e exploração, do Abismo de Sicó como o algar mais profundo do Maciço Calcário Condeixa-Sicó-Alvaiázere e o primeiro a passar a “mítica” barreira dos 100 metros de profundidade.
O Abismo de Sicó foi descoberto em finais de Março durante os trabalhos de prospecção do GPS, com a colaboração de vários espeleólogos do NEC. Está localizado na vertente SW da Serra de Sicó, aos 490 metros de altitude, e caracteriza-se por uma invulgar verticalidade, quando comparado com outras cavidades deste maciço. Desde logo se inicia com uma vertical directa de 85 metros, uma das maiores do país e, seguramente, a maior do Maciço Calcário Condeixa-Sicó-Alvaiázere. Até aos 75 metros de profundidade o poço é estreito, com uma secção muito constante de cerca de metro e meio, a contrastar com a belíssima sala, bastante concrecionada, que surge logo aos 10 metros de profundidade. O final do poço é uma outra sala, mais ampla, com 10 metros de altura, 8 de comprimento e 3 de largura. Do lado oposto à descida, por cima de um compacto manto estalagmítico, surge um novo poço, completamente envolvido em calcite, sobre as mais variadas formas, e com cerca de 6 metros de desnível. A esta cota, 88 metros de profundidade, uma leve e fácil desobstrução tornou possível o acesso ao topo de uma diaclase. A sua rápida medição confirmou mais de 20 metros de profundidade e sérias possibilidades de continuação. |
O extraordinário trabalho da organização, aliado ao ambiente de convívio e amizade entre os participantes, tornaram a Festa da Espeleo num acontecimento espeleológico nacional que afinal não é só festa… (texto por: M. Pessoa - 16/06/05)
Links relacionados
Jornal O Eco (16/06/05)
Notícias do Centro (30/05/05)
Notícia da descoberta (04/04/05)
|
|
|
|
|
|